quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Tendinite do flexor longo do hálux







Cuidado com as lesões no corpo.

FAHLBUSCH (1990) afirma que dançar é transmitir um estado de espírito, uma maneira de se ver e de ver o mundo, de sentir plenamente seu corpo e o utilizar para conhecer outros sentimentos e sensações. Através da dança o indivíduo atinge uma forma superior de vida, ele experimenta um equilíbrio corporal e psíquico ao qual legitimamente aspira. A prática dos bailarinos exige deles horas de treinamento exaustivo que envolve as articulações em posições excessivas, muitas vezes não-fisiológicas, podendo exceder a amplitude de movimento normal resultando em lesões. Geralmente o treinamento é composto por exercícios de aquecimento, alongamento, flexibilidade, quedas, saltos, equilíbrio, amplitudes exageradas de movimento, forças dinâmicas, estáticas e explosivas, giros, pegadas, criatividade, relaxamento, trabalho sobre sapatilha de pontas, resistência aeróbica, anaeróbica, entre outros, tudo para buscar o sincronismo perfeito e a técnica apurada que resultam em um desempenho corporal de qualidade.
Vários são os fatores que contribuem para a não prevenção das lesões. Eles podem ser divididos em fatores que são exteriores, como calçados, piso e temperatura inadequados; e fatores que são interiores, como encurtamento muscular, hipermobilidade, fraqueza muscular, dietas inadequadas, entre outros. A combinação desses fatores levam as mais diversas lesões, relacionei abaixo as principais lesões mais comuns sofridas por bailarinos, segundo Monteiro (2006):
Pés e tornozelos
Calo Macio: Caracteriza-se por crescimento epitelial anormal, devido a ponto de pressão em área constantemente úmida. Desenvolve-se com maior freqüência no quarto e quinto artelhos. Na dança, os principais sintomas são a hipersensibilidade acompanhada de inflamação e dor, impedindo, muitas vezes, a bailarina de usar sapatilha de ponta, exatamente pela pressão que o peso do corpo exerce sobre os artelhos e a transpiração excessiva nos pés.
Calo Duro: É definido como o estado crônico resultante da acumulação de espessa camada calosa, também denominada hiperqueratose. Desenvolvem-se acima do dorso do pé, e no topo dos dedos, ao redor do calcanhar, por cima das deformidades do joanete ou em qualquer outro ponto que um tipo particular de sapatilha ou estilo de dança possam causar fricção ou esfregamento (roçamento).
Bolha: Resultado de fricção excessiva fazendo com que as camadas superiores da pele se separem (a epiderme se descola da derme). Há acúmulo de fluido na área de separação com formação da bolha. Os sintomas são dor e inflamação local. Na dança, o uso de sapatilha nova, exercícios prolongados, locais inadequados de prática, uso de sapatos apertados e atividades que solicitem paradas e mudanças repentinas de direção favorecem sua ocorrência.
Hálux valgus (Joanete): É definido como o desvio do hálux de sua posição natural em direção lateral com proeminência medial na base do pé. O abdutor do hálux fica debilitado e deixa de atuar no sentido de conduzir o dedo para a sua posição natural. Com isso há espessamento da cabeça saliente do 1º metatarsiano. De modo geral, não são dolorosos, mas acarretam deformidades. Eventualmente, a dor pode ser causada pela formação de edema local em função de processo inflamatório. Um dos principais fatores de risco para a formação do joanete é o uso de sapatos de ponta fina que limitam a abdução do hálux desviando-o de seu leito anatômico natural, e forçando-o em direção à borda lateral do pé. Pode ser resultado, também, de um metatarso encurtado.
Hálux Rígido: Consiste na incapacidade para fazer com que o hálux atinja uma faixa ampla de movimento, devido a uma artrite degenerativa da articulação metatarsofalangiana, que se torna rígida e inflexível; o grande artelho é incapaz de dorsifletir, interferindo, assim, no impulso durante a marcha.
Fratura de estresse no tornozelo: É provocada por movimentos excessivos que promovem o remodelamento do osso em taxa mais rápida que o tolerado. O organismo tenta fortalecer o osso estressado, removendo o tecido ósseo antigo e fortalecendo o novo. Se essa resposta for excessiva o processo de reparação pode enfraquecer outras partes ósseas, onde o tecido ósseo novo será produzido; a área enfraquecida está mais sujeita a falhas mecânicas que podem resultar em solução de continuidade, também conhecida como fratura de estresse (JONES et al, 1994). O início dos sintomas é gradual e insidioso, sem relação específica com época do ano, condições climáticas ou lesão anterior.
Entorse de tornozelo: Decorre de movimento brusco que ultrapassa os limites normais da mobilidade articular. Pode ser classificado em três graus, a saber: 1º grau, caracterizado por pequena falência das fibras colágenas dentro do ligamento; 2º grau, ocorre arrancamento parcial do ligamento e possivelmente da cápsula articular com considerável perda da força; 3º ?grau, quando resulta do arrancamento completo. (FATARELLI etal., 1997)
Sesamoidite: Os ossos sesamóides são flutuantes e estão inseridos nos tendões flexores do grande artelho. Ele se articula com a superfície inferior do 1º metatarso, podendo se tornar inflamado e irritado. Trata-se de uma lesão típica de palco, porque é causada por movimento de hiperextensão do hálux, o que é necessário em praticamente todas as formas de dança.
Neuroma de Morton: Os nervos que repousam entre os metatarsos tornam-se vulneráveis à impactação e ao pinçamento. Quando isto ocorre, pode se instalar nas células da cápsula envoltória uma fibrose perineural, comum entre as cabeças dos metatarsianos, que se manifesta como uma tumoração benigna. Portanto, não se trata propriamente de um tumor de nervo. Os sintomas são dor aguda e hipersensibilidade. O uso de calçados apertados ou outro tipo de pressão localizada podem ser os causadores da tumoração (FITT, 1988).
Tendinite do flexor longo do hálux: A tendinite é um processo inflamatório que acomete os tendões, causada por estresse excessivo na unidade tendão-músculo. Ocorre principalmente em áreas com maior sobrecarga. Se não for tratada de forma adequada há risco de necrose, podendo ocorrer a ruptura do tendão (ELLEN, 1981).
Bursite no tornozelo: Inflamação das bursas ocorrem por fricção excessiva, repetitiva ou traumatismos diretos. As bursas são bolsas lubrificantes com conteúdo sinovial: localizam-se em região de fricção entre tendões e ossos ou tendões, ossos e pele. Sua função é de facilitar o movimento dessas estruturas. Os principais sintomas das bursites são dor articular (permitindo distinguí-las das tendinites) que pode se irradiar ao longo da estrutura músculo-tendínea, limitação dos movimentos e edema.
Tendinite de Aquiles: Na dança, os sinais e sintomas principais são o edema e sensibilidade à dor aumentada, quando da execução do demi-plié, relevé e aterrizagem; o movimento é freqüentemente acompanhado por estalido na porção inferior do tendão calcâneo. As causas da tendinite são a técnica pobre e o desalinhamento das pernas à execução do movimento. São comuns, também, em bailarinas idosas com tendões enfraquecidos pelo desgaste e naqueles que têm um plié mais vigoroso. É tipicamente causada pela falta de amortecimento (pliés) quando da aterrizagem de saltos e relevés (FITT,1988).
Luxação e Sub-luxação do tornozelo: A luxação é caracterizada pela perda de contato entre as extremidades ósseas de uma superfície articular, geralmente acompanhada de lesão cápsuloligamentar. A subluxação ocorre quando dois ossos da articulação ainda permanecem parcialmente próximos (FATARELLI et al., 1997).
Joelho de bailarinos
Tendinite patelar ("Joelho de saltador"): No caso do agravo em questão é importante salientar que a designação "tendinite patelar", embora de uso habitual, é incorreta, pois é o ligamento patelar que é acometido e não o tendão. Os problemas mais freqüentes de tendinites envolvem o mecanismo do quadríceps femural. É causada por contrações súbitas e repetidas do quadríceps ao iniciar um movimento, podendo ocasionar micro-rupturas do ligamento na região inferior da patela, provocando a instalação de processo inflamatório. Os principais sintomas são a dor local após atividade ou até inabilidade para participar de aulas de dança, com sensibilidade acentuada na base da patela. Atividades como os saltos e dança flamenca (atividade agressiva e muito rápida) respondem pela maior parte desses agravos (APLEY; SOLOMON,1989).
Instabilidade patelofemoral (Subluxação ou luxação da patela): Este agravo caracteriza-se por um continuum que vai desde um alinhamento vicioso até a instabilidade e a luxação (SNIDER, 2000).
Lesão ligamentar: Nas lesões de 1°grau há dano microscópico das fibras de colágeno, sem causar frouxidão do ligamento. As de 2°grau caracterizam-se por ruptura ligamentar sem separação completa, enquanto que no 3°grau o ligamento é totalmente rompido e há maior instabilidade na articulação. Os sinais e sintomas são a sensação de estalo ao movimento, presença de edema e falta de coordenação em atividades realizadas com velocidade. Pode ser causada ao choque com outra pessoa ou objeto, ou quando a articulação é forçada além do seu movimento normal.
Bursite do joelho: No joelho a presença de edema localizado, inflamação e dor ao realizar o demi-plié e grand-plié são sintomas característicos. Pode ser causada por flexão excessiva do joelho, contusão direta na área e/ou queda sobre o joelho fletido (WEICKER; CLINIC, 1988).
Contusão: Resulta de pancadas traumáticas sobre os tecidos moles e sua severidade é proporcional à força aplicada. Os sintomas compreendem a presença de dor, edema, descoramento, hemorragia subcutânea com formação de hematoma. Ocorre por choque com outros bailarinos, queda, colisão com objeto, paredes ou chão.
Abrasão: Atrito entre a pele e uma superfície áspera. A derme e a epiderme são lesionadas, gerando rompimento e exposição de grande número de capilares à sujeira, podendo ocorrer infecção. Não apresenta nenhum problema maior além de infecção, sangramento e pele lesionada.
Síndrome Patelofemoral: Inflamação entre a patela e a parte anterior do fêmur. Qualquer alteração que leve a patela a se deslocar anormalmente do seu encaixe no fêmur pode resultar em desgaste impróprio e até ruptura do ligamento.
Quadril e pelve de bailarinos
Quadril estalante: O estalido sobre o quadril parece ter dois sítios anatômicos: um na superfície lateral (externa) do quadril que recobre o trocânter e o outro ântero-medial. O estalo pode ser devido à subluxação do quadril fora de seu sítio de articulação ou por causa do escorregamento do tendão íliopsoas sobre o fêmur.
Artrite degenerativa do quadril: Lesão que resulta em pequenas fissuras e desgastes da cartilagem da articulação do quadril, em decorrência e traumatismo, infecção, hereditariedade ou por razões idiopáticas. É resultado, também, de tratamento ou reabilitação inadequada de uma lesão (MICHELI,1998).
Costas de bailarinos:
Lombalgia: Está associada usualmente com rotação da coluna e, também, com a postura hiperlordótica. A dor é provocada pela combinação do desequilíbrio muscular com músculos abdominais fracos e fáscia lombo-sacral rígida (KNOPLICH, 1989; BIENFAIT, 1995).
Radiculopatia Lombar (Dor no ciático): Compressão desigual entre duas vértebras adjacentes fazendo com que o disco inter-vertebral se desloque do seu local normal. Quando isto ocorre pode haver pressão do nervo, podendo causar espasmo muscular. É causada por traumas repetitivos e repentinos.
Espondilólise: É a deformidade causada pela formação de tecido fibroso uni ou bilateralmente ao arco neural da vértebra inferior. A bailarina sente dor na porção inferior das costas durante hiperextensão em pé ou em um só pé, como no arabesque. Apresenta movimento limitado da coluna lombar quando se inclina para frente. O arabesque é uma das posições básicas do balé, onde o corpo fica apoiado numa perna só; esta pode estar na estendida ou em demi-plié enquanto a outra permanece estendida para trás, num ângulo de até 180°. Os antebraço deve seguir o prologamento dos braços, podendo ser dirigidos para diferentes posições, sempre harmoniosas (FITT, 1988).
Espondilolistese degenerativa: É a progressão da espondilólise. Caracteriza-se pelo deslizamento de um corpo vertebral, anteriormente em relação ao outro imediatamente inferior, sendo mais comum em mulheres com mais de 40 anos (SNIDER, 2000).
Sabendo-se da grande incidência de lesões em bailarinos, é importante valorizar a atuação de profissionais de dança capacitados e de fisioterapeutas nas companhias de dança.
Assim, as medidas preventivas devem incluir o preparo adequado dos aspectos físicos e mentais; o uso de roupas e calçados adequados; o conhecimento acerca dos fatores climáticos e dos principais tipos de lesão em casos de frio ou calor extremos; alimentação equilibrada, com a ingestão de grande quantidade de líquidos diariamente; repouso adequado nos períodos entre apresentações ou competições; análise das condições das superfícies onde a dança será praticada; proteção das áreas mais susceptíveis a lesões e prática de atividades físicas compensatórias. As entorses em inversão de tornozelo são as mais comuns em todos os tipos de dança, isso porque a extremidade mais afastada do centro do corpo é a responsável pelo apoio de toda a estrutura corporal, sendo, portanto intensa a sobrecarga nessa região.
o aquecimento e o alongamento são importantes na dança e em qualquer atividade atlética, pois prepara a musculatura para atividades vigorosas, atuando assim como uma medida de prevenção das lesões. Um músculo aquecido é mais elástico e trabalha de forma rítmica e ordenada, contraindo-se com mais eficiência e relaxando completamente em um menor tempo.Todo o bailarino que usa o corpo como instrumento de trabalho, deve ter consciência do seu alinhamento esquelético e dos locais de assimetria, bem como das suas próprias restrições de movimento, a fim de que possa tirar o melhor proveito do seu físico, sem exceder-se na tentativa de vencer obstáculos.
Bibliografia:
MONTEIRO, Henrique Luiz. GREGO, Lia Geraldo. As lesões na dança: conceitos, sintomas, causa situacional e tratamento. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/09n2/Monteiro.pdf/%3E Acessado em: 5/10/2006.

5 comentários:

  1. bom dia!

    sofri um acidente domestico minah msa de vidro quebrou em cima do dedão do meu pé eo tendão de halux estar rompido, fui ao médico preciso fazer cirurgia até o momento não tive coragem, agoar começou a doer muito e sinto o dedo meio duro e as vezes fica enchado é normal essa dor e o enchaço, qual as conseguencias caso eu não faça a cirurgia?
    obrigado gorete

    ResponderExcluir
  2. meu émail é lunagorete@hotmail.com

    sou a pessoa do comentario a cima

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. até o momento não obtive resposta do meu problema. ok

    ResponderExcluir